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MINICURSO 1: O LUGAR DO FUTURO NA POLÍTICA E NO PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO

 

Thamara de Oliveira Rodrigues (UFOP)

O minicurso se dedicará à análise de alguns aspectos da crise política brasileira atual a partir da sua relação com a temporalidade. Em um primeiro momento, abordaremos algumas características da temporalidade contemporânea, tendo em vista o problema da “estagnação” do tempo e seus impactos para a política conservadora, progressista e reacionária. Avaliaremos, alguns aspectos da última eleição presidencial no Brasil, as propostas dos candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), a fim de verificarmos a relação de ambas com a oferta sistemática de “passados”.

Em um segundo momento, analisaremos a relação entre certo aprisionamento na crise e sua ligação com as mídias e redes sociais, procurando explorar a dimensão performática das novas mídias e seu impacto na política.

No terceiro momento, nos dedicaremos à análise de algumas propostas política e intelectuais que procuram ir além das categorias de pessimismo e otimismo para descrever as expectativas em relação à vida política, especialmente, à vida democrática. Daremos destaque a proposta de “humanidades afirmativas” de EwaDomanska.

Referências bibliográficas:

 

DOMANSKA, Ewa. “Affirmative Humanities”. In.: History-theory-criticism. N. 1, p. 9-26, 2018.

 

FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas. Elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008

 

GUMBRECHT, Hans. U. Nosso amplo presente. O tempo e a cultura contemporânea. São Paulo: Ed. Unesp, 2015.

 

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MBEMBE, Achille. A era do humanismo está terminando. Revista do Instituto Humanitas - Unisinos, Publicado em: 24 jan. 2017 (online). Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/564255-achille-mbembe-a-era-do-humanismo-esta-terminando>. Acesso em: 20 out. 2017.

 

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014.

 

MOROZOV, Evgeny, Big tech. A ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu editora, 2018.

 

RANCIÈRE, Jacques. O ódio à democracia. São Paulo: Boitempo, 2014.

 

RODRIGUES, Thamara de Oliveira; RANGEL, Marcelo de Mello. “Temporalidade e crise: sobre a (im)possibilidade do futuro e da política no Brasil e no mundo contemporâneo”. Revista Maracanan, Rio de Janeiro, n. 18, p. 66-82, jan./jun. 2018.

 

 

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MINICURSO 2: ÉTICA, POLÍTICA E QUESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCRITA E ENSINO DA HISTÓRIA

 

Proponentes: Daniel Pinha (UERJ), Marcelo Rangel (UFOP) e Rodrigo Perez (UFBA)

 

 

O contexto contemporâneo impõe uma série de desafios à tarefa dos especialistas em história, tanto professores quanto pesquisadores de história, dentre os quais: grande /mobilização de experiências do passado em função de projetos políticos inscritos no presente; circulação da história em diversos meios e públicos, para além da universidade e da escola, inclusive em meio digital; questionamento do estatuto de verdade histórica produzida pela história disciplinar, tendo em vista a necessidade de evidenciação da neutralidade/imparcialidade na narrativa dos eventos passados. Ao mesmo tempo, considerando os protocolos e limites da prática historiográfica, enfrentamos o desafio ético de intensificar valores democráticos no debate público, por vezes desgastados e enfraquecidos em ambiente de crise, como é o caso da crise brasileira atual, valores tais como a educação em direitos humanos, antirracista, aberta ao primado da diferença, em suma, a formação de uma cultura democrática substantiva no tempo presente que é o nosso. Mas, afinal, qual serão os principais desafios ético-políticos do historiador e do professor contemporâneo em meio a este contexto de enunciação da história? Eis a questão que atravessa as reflexões deste minicurso, desdobrando-se em três passos fundamentais:1. De que modo é possível articular experiência democrática (em restituição e formação), pensamento histórico e temporalização da história, almejando ao alcance da felicidade em âmbito público? 2. Como podemos pensar, em termos teórico-metodológicos, o estatuto do engajamento/intervenção pública do historiador no tempo presente? Como as formas do ensaio e da síntese históricas podem contribuir nessa agenda? 3. Qual o lugar do tempo presente nas aulas de história, pensando a prática de um anacronismo controlado? Quais os desafios de ensinar/ aprender história neste Brasil contemporâneo marcado pelo esgarçamento da democracia em face da cultura do ódio violência de Estado, mas, ao mesmo tempo e em contraponto, o alargamento das possibilidades democráticas demarcadas pelos movimentos sociais multi-identitários e pelo legado do lulismo?

 

Indicações bibliográficas

BLOCH, MARC. Apologia da história, ou, o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.

JENKINS, Keith. A história repensada. São Paulo: Contexto, 2007.

LOURAX, Nicole. Elogio do anacronismo. In: NOVAES, Adauto (Orgs.). Tempo e História. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

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1.

_______ “SOBRE A UTILIDADE DO CONHECIMENTO HISTÓRICO EM TEMPOS DE CRISE E ALGUMAS INQUIETAÇÕES POLÍTICAS E EPSTEMOLÓGICAS”. In: Pablo Spíndola; Wagner Germiniano. (Org.). Teoria da história e história da historiografia brasileira dos séculos XIX e XX: ensaios. 01ed.Jundiaí: Paco Editora, 2019, v. 01, p. 67-96.

 

_______. “O professor Manoel Salgado como tradutor da ética historiográfica sugerida por Michel de Certeau: uma reflexão sobre memória, testemunho e função social do conhecimento histórico.” In: André de Lemos Freixo; Fabio Laurandi Coelho; Rodrigo Perez Oliveira. (Org.). Experiências de Formação: Um tributo ao professor Manoel Salgado. 01ed.Rio de Janeiro: autografia, 2019, v. 01, p. 205-242.

 

PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: Entre o povo e a nação. São Paulo: Ed. Ática, 1990.

PERRUSO, Marco Antônio. Em Busca do “Novo”: intelectuais brasileiros e movimentos populares nos anos 1970-80. São Paulo: Annablume, 2009.

PINHA, Daniel. “Ampliação e veto ao debate público na escola: história pública, ensino de história e o projeto 'Escola sem Partido'.” Revista Transversos, v. 7, p. 11-34, 2016.

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RAGO, Margareth. A “nova” historiografia brasileira. Anos 90. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1999.

RANGEL, M. M.; ABREU, M. “MEMÓRIA, CULTURA HISTÓRICA E ENSINO DE HISTÓRIA.” História e Cultura, v. 4, p. 7, 2015.

_______. “Temporalidade e felicidade hoje. Uma relação possível entre o pensamento histórico, a democracia e a experiência da felicidade”/Can One Be Happy Today?. Revista Artefilosofia, v. 25, p. 52-66, 2018.

_______ e RODRIGUES, THAMARA DE OLIVEIRA. “Temporalidade e crise: sobre a (im)possibilidade do futuro e da política no Brasil e no mundo contemporâneo.” MARACANAN, v. 00, p. 66-82, 2018.

 

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MINICURSO 3: MODERNIDADE E ATRASO NO PENSAMENTO SOCIAL E POLÍTICO BRASILEIRO: MANOEL BONFIM, ANTONIO CANDIDO E ALBERTO GUERREIRO RAMOS

 

Renan Siqueira Moraes (Doutorando - UFOP); Cairo de Souza Barbosa (Doutorando - PUC-Rio) e Gabriel Felipe Oliveira de Mello (Mestrando – UFRJ)

 

O objetivo geral do minicurso é debater e discutir alguns aspectos da formação brasileira a partir de três figuras importantes de nosso pensamento social e político: Manoel Bonfim, Antonio Candido e Guerreiro Ramos.

O recorte temporal demarca, como início, os anos 1870, momento de maior abertura da nação ao “repertório externo” ou ao “bando de ideias novas”, segundo expressão de Silvio Romero, e de proliferação dos discursos de modernização nacional. A demarcação temporal passa também pela década de 1940, período de construção e consolidação, do ponto de vista socioeconômico, das bases dessa modernização brasileira. Por fim, analisaremosos anos 1960, período do desembocar das disputas entre os diversos projetos nacionais colocados no Brasil, que levou à instauração de uma ditadura e à consolidação do estado de exceção.

Em relação à temática, a ideia é discutir como esses autores tematizaram a relação entre modernidade eatraso, entendido como um signo da condição periférica brasileira em meio às dinâmicas sociais, culturais, políticas e econômicas mundiais, marcadamente europeias e, depois, estadunidenses. Oobjetivo é pensar como a relação entre modernidade e atraso é sempre representada à luz de metáforas que envolvem questões de experiência histórica e de conformação de temporalidades específicas relacionadas a um universo vocabular singular.

 

FORMATO:

Pretende-se dividir as 4 horas do minicurso em cinco momentos distintos:

1ª parte (introdução): breve discussão sobre a categoria “pensamento social e político brasileiro”; contextualização ampla e bastante sucinta sobre o período demarcado (1870-1960).

2ª parte: Modernidade e atraso na obra de Manoel Bonfim

3ª parte: Modernidade e atraso na obra de Antonio Candido

4ª parte: Modernidade e atraso na obra de Alberto Guerreiro Ramos

5ª parte (encerramento): a recorrência da imagem do atraso na cena política brasileira contemporânea

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

 

BOMFIM, Manoel [1905]. A América Latina. Males de origem. Rio de Janeiro: Topbooks, 2005.

CANDIDO, Antonio [1959]. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 6. ed. Belo. Horizonte, Editora Itatiaia Ltda, 2000.

RAMOS, Alberto Guerreiro [1960]. O Problema Nacional do Brasil. Rio de Janeiro: Saga, 1961.

 

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

 

ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento; IANNI, Octavio. (Org.). Pensamento social no Brasil. Bauru: EDUSC, 2004. v. 1. 366p.

BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilia (Org.).Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

BRANDÃO, Gildo Marçal. “Linhagens do pensamento político brasileiro”. Dados, Rio de Janeiro, vol.48, n.2, pp. 231-269, 2005.

LYNCH, Christian E. C. Por que pensamento e não teoria? A imaginação político-social brasileira e o fantasma da condição periférica (1880-1970). Dados, Rio de Janeiro, v. 56, n. 4, pp. 727-767, 2013.

MICELI, Sérgio (Org.) O que ler nas ciências sociais brasileira. v2. São Paulo: Editora Sumré; Brasilia: ANPOCS, 1999.

ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2006

 

PALTI, Elias. Las ideas fuera de lugar?: estúdios y debates em torno a la história política-intelectual latino-americana. Buenos Aires: PrometeoLibros, 2014, p. 09-16.

 

PÉCAUT, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo: Ática, 1990.

SANTOS, Wanderley Guilherme. Paradigma e história: a ordem burguesa na imaginação social brasileira. In: Ordem burguesa e liberalismo político. São Paulo: Duas cidades, 1978.

VIANNA, Luiz Werneck. Revolução Passiva: iberismo e americanismo no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 2004

 


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MINICURSO 4: CINEMA E HISTÓRIA: PROPOSTAS METODOLÓGICAS

Professor Carlos Eduardo Pinto de Pinto

As bases teóricas das relações entre cinema e história vêm se consolidando desde a década de 1970, na Europa. No Brasil, foi sobretudo a partir dos anos 1990 que o campo passou a figurar entre os interesses dos historiadores, ganhando atenção crescente. O cenário atual apresenta um quadro bastante variado de obras traduzidas para o português e de pesquisas realizadas em programas de pós-graduação de todo o país. Contudo, tal profusão não se repete no ramo da metodologia, sendo mais escassos os textos dedicados a apontar instrumentos de análise fílmica, de acordo com os muitos interesses que podem motivar as pesquisas no campo. Nesse contexto, A análise do filme (Jacques Aumont e Michel Marie, 2011) é uma exceção, ao apresentar um panorama relativamente vasto de possibilidades. O minicurso foi pensado em diálogo com esta obra, propondo exercícios práticos de análise de um mesmo filme, seguindo algumas abordagens apresentadas pelo texto. A ideia é exercitar a adequação das metodologias aos embasamentos teóricos, bem como possibilitar o contato com a terminologia mobilizada pelas análises. Obs: dada a centralidade de A análise do filme para a construção do minicurso, é sugerida a leitura prévia do primeiro capítulo.

Bibliografia

AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. A análise do filme. Lisboa/Rio de Janeiro: Edições Text & Grafia/ Saraiva, 2011.

BARROS, José D’Assunção. Cinema e história: entre expressões e representações. In: NÓVOA, Jorge; ______ (Orgs.) Cinema-história: teoria e representações sociais no cinema. Rio de Janeiro: Apicuri. 2008.

MORETTIN, Eduardo. O cinema como fonte histórica na obra de Marc Ferro. In: CAPELATO, Maria Helena et al (Orgs.). História e cinema. São Paulo: Alameda, 2011.

ROSA, Cláudia Beltrão da; CARDOSO, Ciro Flamarion S. (Orgs.). Semiótica do espetáculo: um método para a História. Rio de Janeiro: Apicuri, 2013.

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Minicurso 5: Invisibilidade indígena e mundos do trabalho no Ensino de História.

 

Professsoras Renata Moraes (Uerj) e Thais Elisa (Mestre em História pelo Prof História, Professora da Rede Municipal de Duque de Caxias).

 

O objetivo deste minicurso é tratar de alguns aspectos importantes para a aplicação da lei 11.645/08, que tornou obrigatório o ensino da História e culturaafro-brasileira e indígena em todas as escolas brasileiras de ensino básico, e oferecer sugestões de abordagens em sala de aula. Para tal serão considerados algunspontos-chavecomo a recente produção historiográfica sobre a temática, as demandas indígenas em relação à referida lei,análise sobre a abordagem da escravidão africana no que se refere à resistência dos escravizados, a invisibilidade dos indígenas na nossa sociedade e os efeitos das últimas leis para o ensino.

Sendo assim, o curso será dividido em duas partes: um tendo como enfoque os indígenas e outra sobre os africanos e afrodescendentes e o mundo do trabalho. A respeito dos indígenas, partiremos para uma discussão teórica sobre os povos indígenas no passado e no presente, com base nas pesquisas historiográficas da chamada “Nova História Indígena”, que tem dado um papel diferente às populações indígenas na história do Brasil, enfatizando sua importância e protagonismo. Também buscará responder sobre quem são os povos indígenas brasileiros na atualidade, com base no conceito de identidade, cultura e etnia e nos dados estatísticos do IBGE. Estas informações são de extrema relevância para criação de novos paradigmas em relação a essas populações, rompendo com compreensões estereotipadas e racistas pautadas no evolucionismo e no eurocentrismo e que resultam em invisibilidade, discriminação e ações violentas contra índios.

A segunda parte abordará os escravizados no Brasil Império e suas ações para a liberdade e resistência à escravidão, para além das ações abolicionistas e como isso aparece no ensino de história. No Pós-abolição, homens e mulheres negros desaparecem da história do Brasil, principalmente nas abordagens a respeito do mundo do trabalho e nas ações que envolveram a organização dos trabalhadores e suas manifestações. Para onde foram os ex-escravos após a abolição? Essa é uma pergunta constante de alunos e outros pesquisadores uma vez que a história republicana invisibiliza esses sujeitos, principalmente no ensino e nos livros didáticos.

Ao dar visibilidade a esses sujeitos, indígenas e afrodescendentes,especialmente emlugares e ações que não são consideradas tradicionalmente atribuídas a eles, como nas cidades e nas escolas do ensino básico para o indígenas, e nas ações políticas dos trabalhadores, para os afrodescendentes, será possível levantaralgumas das demandas desses grupos sociais para o reconhecimento da sua história e da sua participação política em momentos cruciais da história do Brasil e não apenas restritos à história colonial e imperial. Por fim, com base nos conceitos de “dever de memória” e “dever de História”, serão analisados alguns materiais didáticos, apontando suas fragilidades, e possibilidades para uso em sala de aula.

 

Referências:

 

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

BARTH, Fredrik. Os grupos étnicos e suas fronteiras. In: O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000. p. 25-67.

BERGAMASCHI. Maria Aparecida; ZEN, Maria Isabel; XAVIER, Maria Luisa (Org.). Povos Indígenas & Educação. Porto Alegre: Mediação, 2008.

CANDAU, Joel. Memória e Identidade. São Paulo: Contexto, 2014.

FERNANDES, Eunícia. Do dever de memória ao dever de história:um exercício de deslocamento, In: GONÇALVES, M. et all. O valor da história hoje. Rio de Janeiro: FGV, 2012.

FREIRE, José Ribamar Bessa; MALHEIROS, Márcia Fernanda. Aldeamentos indígenas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009.

FUNARI, Pedro Paulo e PIÑON, Ana. A temática indígena na escola: subsídios para professores. São Paulo: Contexto, 2014.

GOMES, Flávio; NEGRO, Antonio Luigi. “Além de senzalas e fábricas. Uma história social do trabalho”. Tempo social, 2006, v. 18, n. 1

LARA, Sílvia. “Escravidão, cidadania e história do trabalho no Brasil”. Projeto História, 1998, 16, São Paulo.

LIMA, Henrique Espada. “Sob o domínio da precariedade: escravidão e os significados da liberdade de trabalho no século XIX”. Topoi, 2005, v. 6, n. 11

NASCIMENTO, Alvaro Pereira. “Trabalhadores negros e o ‘paradigma da ausência’: contribuições à história social do trabalho no Brasil”. Estudos Históricos, 2016, v. 29, n.59

PALLADINO, Mariana; CZARNY, Gabriela. Povos indígenas e escolarização: discussões para se repensar novas epistemes nas sociedades latino-americanas. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.

SILVEIRA, Thais Elisa Silva. Identidades (in)visíveis: indígenas em contexto urbano e o ensino de história na região metropolitana do Rio de Janeiro. 2016. 132F Dissertação (Mestrado Profissional em Rede Nacional PROFHISTÓRIA). Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2016.

WITTMANN, LuisaTombini (Org.). Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

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MINICURSO 6: A TEMPORALIDADE HISTÓRICA, MOVIMENTOS SOCIAIS E A POLITIZAÇÃO DA VIDA: LIMITES E POSSIBILIDADES DOS FEMINISMOS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO.

Professoras: Géssica Guimarães e Luisa Rauter Pereira.

Estabelecer linhas de interpretação gerais sobre o tempo presente tem sido um desafio para a Teoria da História atual. Como apontou o filósofo Giorgio Agamben, quem se dedica a tal tarefa se vê como que ofuscado pelas luzes brilhantes de sua época, incapaz de ver com clareza a realidade de seu próprio tempo. Muitos diagnósticos do contemporâneo têm apontado a crise desta forma de configuração do tempo histórico-social em direção ao “presentismo”, um “regime presentista de historicidade” (HARTOG, 2003) ou um “presente amplo” (GUMBRECHT, 2014). Segundo estas interpretações, a vida contemporânea seria marcada por uma experiência de um horizonte de futuro fechado a grandes transformações e de um passado que se recusa a passar, tornando-se uma presença latente, traumática e ate mesmo “fantasmagórica”. No campo marxista, especialmente entre autores tocados pelas reflexões da escola de Frankfurt, as análises apontam a hiperaceleração da vida e a consequente compressão do espaço tempo vivido provocados pela urgência do processo de valorização do capital, especialmente através da cultura de massa (HUYSSEN, 2000). Um regime de urgência e instantaneidade caracteriza o capitalismo contemporâneo marcado pela velocidade das tecnologias de comunicação, informação e consumo minando a possibilidade de planejamento e ação politica coletiva (HARVEY, 2005). Ambas as perspectivas são taxativas ao afirmar uma crise da política como capacidade ação coletiva planejada (ROSA, 2013), adesão a amplas ideologias coletivas transformação social. Teria havido, portanto, nas últimas décadas do século XX uma espécie de “deshistoricização” ou destemporalização” da experiência coletiva, assim como uma “despolitização” da ação humana.

Analisando as grandes manifestações políticas que tomaram o globo nas últimas décadas, Gumbrecht chegou a afirmar, por exemplo, que na ausência de uma visão coletiva de futuro aberto, não há ação coletiva orientada, “então não existe política.”31. As massas de manifestantes unidos sem uma pauta clara, como em 2013 no Brasil ou o Occupy Wall Street nos EUA evidenciariam para o autor, um desejo por intensidade ou “presença” corpórea num mundo marcado cada vez mais pelo distanciamento da virtualidade e do conhecimento. Entretanto, como lidar com tal diagnóstico e outros semelhantes diante de um momento de tamanha politização da sociedade? Vivemos um momento de intenso debate e disputa política nos meios virtuais e nas ruas. A velocidade e intensidade das mobilizações do ativismo político tem sido impressionantes, tanto à esquerda como à direita do espectro político. Diante dessa evidência, acreditamos ser fundamental trazer maior complexidade aos diagnósticos da situação temporal contemporânea através da análise concreta do clima de politização e dos projetos de transformação social em que temos vivido no Brasil e no resto do mundo na última década. Quais são os projetos, formas de mobilização, pautas, conceitos mobilizados na cena contemporâneas por aqueles grupos que se dispõem a participar do âmbito político?

Ainda tendo essas preocupações em nosso horizonte teórico, pretendemos abordar de forma mais detida as mobilizações em torno das questões feministas em algumas capitais brasileiras, sobretudo desde Junho de 2013. Buscamos identificar as pautas que mobilizaram algumas dessas manifestações coletivas, procurando em meio à diversidade dos movimentos feministas atuais a compreensão de que a categoria “mulheres” não deve ser universalizada (BUTLER, 2015). Propomos, portanto, um olhar analítico que sublinhe as interseções entre os marcadores de opressões que caracterizam nossa sociedade (DAVIS, 2016), a fim de compreender como os movimentos das mulheres na sociedade brasileira e no mundo podem apontar para projetos de ação coletiva e afirmação da esfera política.


 

Referências bibliográficas:

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BALLESTRIN, Luciana. “Feminismos subalternos”. Estudos Feministas, v. 25, n. 3, p. 1035-1054, set.dez. 2017.

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Minicurso 7: Vidas que importam! Biografia e Ensino de História na Educação Básica.

Professores:

Marcia de Almeida Gonçalves Lattes: http://lattes.cnpq.br/6119231074162915

Fernanda Nascimento Crespo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8612326189435088

Edson Guimarães Azeredo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4192418616084068

 

O minicurso objetiva analisar as relações entre biografia e ensino de História, tendo em vista as possibilidades didáticas e implicações epistemológicas do uso de narrativas vivenciais. Como questão a nortear essas análises, destaca-se a consideração sobre as vidas que importam, abordagem que busca valorizar outros protagonistas entre os que figuram nos currículos e práticas escolares da Educação Básica, em particular quanto à História do Brasil. As vidas de duas mulheres negras, Laudelina de Campos Melo e Carolina Maria de Jesus guiarão reflexões em que se cruzam, entre outras, as identidades de gênero e de raça. O minicurso será organizado a partir da discussão preliminar do conceito de espaço biográfico, em diálogo com Leonor Arfuch. Em complementação, serão apresentados, na forma de oficinas, dissertações do Mestrado Profissional em Ensino da História (Profhistória - UERJ), a saber: O Brasil de Laudelina: usos do biográfico no ensino de História, de autoria da professora Fernanda Nascimento Crespo, de 2016; e As muitas vidas e identidades de Carolina Maria de Jesus: o uso do biográfico e do autobiográfico no ensino das relações étnico raciais, de autoria do professor Edson Guimarães Azeredo, de 2018.

ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico. Dilemas da subjetividade contemporânea. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2010. _______________. Memoria y autobiografia. Exploraciones em los limites. Buenos Aires: Fondo de Cultura Economica, 2013. BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo. Crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. __________________. Corpos em aliança e a política das ruas. Notas para uma teoria performativa de Assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. DOSSE, François. O Desafio Biográfico. Escrever uma vida. São Paulo: EDUSP, 2009. ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1994. GONÇALVES, Márcia de Almeida. Em terreno movediço. Biografia e história na obra de Octávio Tarquínio de Sousa. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2009. LORIGA, Sabina. “A biografia como problema”. In Jacques Revel (org.). Jogos de escalas. A experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 1998, pp. 225-250. ______________. O pequeno X. Da biografia à história. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. OLIVEIRA, Maria da Glória. Narrar vidas, contar a história. A biografia como problema historiográfico no Brasil oitocentista. Rio de Janeiro: FGV, 2011. REVEL, Jacques. “A biografia com problema historiográfico”. In História e historiografia. Exercícios críticos. Curitiba: Ed. Da UFPR, 2010, p. 235-248. SCHMIDT, Benito e GOMES, Ângela C. Memórias e narrativas (auto)biográficas. Rio de Janeiro: FGV, 2010. VELHO, Gilberto. Subjetividade e sociedade. Uma experiência de geração. 3a Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

    2019   @   II Encontro de Pesquisa em Teoria da HIstória e História da HIstoriografia

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